domingo, 26 de abril de 2015

O choque da realidade

Como disse antes, a minha alimentação era péssima e eu sempre o soube, mas ia dando (ou fingindo que dava).

Uma das informações que o Miguel pede na altura da inscrição é a rotina alimentar "no dia anterior". Falámos sobre isso logo no dia da consulta, e eu disse-lhe que tinha feito anos na véspera, portanto era um dia atípico (tinha almoçado e jantado, imagine-se!), e que portanto lhe diria como era a minha rotina alimentar normalmente. Ele vai escrevendo no quadro o que lhe vou dizendo, pequeno-almoço, meio da manhã, almoço, meio da tarde... "Então e jantar?", "Pois, eu não janto...", "Então e... Depois do meio da tarde não come mais nada?", "Sim, um leite com café ou chocolate ou cevada e umas torradas à noite, às vezes uma sopa...".
Depois da lista das refeições no quadro, ele começou a caracterizá-las em termos de macro-nutrientes: açúcares, açúcares, açúcares...; um bocadinho de proteína e hidratos ao almoço; açúcares, açúcares, açúcares. Não era nada que eu não soubesse, é verdade, mas confesso que ver aquilo assim escrito à minha frente me deu vontade de chorar. Acho que ele percebeu que eu fiquei mesmo sensibilizada, e só me disse que em tantos anos de experiência, este era um dos casos com maior deficiência nutricional que ele tinha visto. E mais uma vez deu-me dois ou três exemplos de órgãos que precisam de determinados macro-nutrientes para cumprirem a sua função.

Foi, ao mesmo tempo, muito esclarecedor e muito assustador, também.

Mas foi mais uma prova de que estava a mudar para o caminho certo.

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